segunda-feira, 20 de abril de 2009

Histórias do Médio Oriente 3

Artigo redigido para a Agência ODM http://agenciaodm.org

O Karabakh, ou Nargono Karabakh é uma região no Cáucaso alvo de um conflito histórico que pode ressuscitar a qualquer momento. A população original do Karabakh era constituída inicialmente por autóctones e tribos minoritárias, até ao SÉCULO II AC., altura apontada para a conquista da região pelo reino da Arménia, povo que daí adiante, até aos nossos dias habita maioritariamente o território. Desde sempre a Rússia tenta controlar esta zona do Médio Oriente, usando para isso a Arménia, um dos países que sempre funcionou como seu apoiante. A Arménia tem à esquerda a Turquia, à direita o Azerbaijão, em cima a Rússia e em baixo o Irão. À direita do Azerbaijão está o Mar Cáspio e depois países como Cazaquistão e Turquemenistão, todos eles ricos em petróleo e gás natural. O próprio Azerbaijão, banhado pelo Mar Cáspio é também produtor destes recursos. Assim começa a história da cruzada pelo “ouro negro”. Perceber o que aqui se passa é um grande passo para compreender a geografia política e económica do mundo.

O PAPEL DOS EUA NO TERRITÓRIO

Temos a Europa ligada à Turquia, que forma, por sua vez um cordão terrestre horizontal com a Arménia, Azerbaijão e mar Cáspio (região a que chamamos Cáucaso). Este cordão é delimitado por dois países enormes: a Rússia (a Norte) e o Irão (a Sul). Pergunto quem são os principais inimigos do s EUA ao momento? Eureka! A Rússia e o Irão. Porquê? Porque há um jogo constante, sem fim próximo, que só poderá perder importância quando os recursos energéticos forem ilimitados. Abaixo do Irão está o Iraque, à direita, o Afeganistão, à esquerda a Turquia e a ci ma o Cáucaso. Que países foram invadidos pelos EUA? Iraque e Afeganistão. Quem está a financiar os turcos curdos, no este da Turquia? Os EUA. Os EUA rodearam o Irão para chegarem ao Ouro negro, mas defrontam um grande problema, há anos: O Irão é uma república conservadora, dominada por um líder extremista Islâmico. Ou seja, aconteça o que acontecer o Irão não vai ceder e, acreditem, está disposto a ir até ao fim.


O PAPEL DA RÚSSIA NO TERRITÓRIO

A sul da Rússia encontra-se a Geórgia. Quais são as últimas notícias da Geórgia? Conflitos, porque a Rússia apoiou duas regiões da Geórgia a lutarem pela independência, com o objectivo de causar mais desequilíbrios na área e manter o controlo, aumentando a sua esfera de influência. A Rússia não é um país derrotado por uma Ideologia comunista. Mas antes um país que considera isso como parte da sua história e que apesar de albergar muita pobreza e desigualdades sociais dentro de si, continua a ser uma das maiores potências nucleares do mundo actual e está a dar grandes passos sobre a liderança de Puttin, que já declarou aos meios de comunicação que o seu principal objectivo é retomar o poder da ex União Soviética. E critiquem-se os meios, os avanços nesse sentido, têm sido consideráveis.
Como está a ser levada a cabo a reposição estratégica da União Soviética?
Aproveitando o facto de ter dominado o Cáucaso durante quarenta anos, a Rússia semeia novos jogos de poder, mantendo a discórdia na zona, como é costume das superpotências. Durante a vigência da União Soviética, Estaline assinou uma carta desenhando o mapa do Cáucaso, dividido por regiões, a seu belo prazer, sem que estas regiões tivessem alguma ver discutido ou traçado as suas próprias fronteiras. Assim nasceu a Arménia, o Azerbaijão, a Geórgia e o Nakhcivan (território historicamente habitado por pessoas do Azerbaijão). À altura Estaline estabeleceu que o Karabakh e o Nakhcivan ficariam para o Azerbaijão. No entanto não fora esse, o acordo que Russos e Arménios tinham feito no passado. Antes da carta Estaline prometera o Karabakh aos Arménios, só que, com esperanças de que pudesse expandir o comunismo até à Turquia cedeu às exigências da Turquia, acabando por não dar o Karabakh aos Arménios.


A GUERRA ENTRE A ARMÉNIA E O ARZEBAIJÃO


Quando a União Soviética foi desmantelada (1986) o mapa interno definido por Estaline manteve-se, dando origem a quatro países diferentes. Aproveitando-se de que o Karabakh continuava a ser maioritariamente habitado por Arménios a Rússia instigou a Arménia a reclamar o Karabakh ao Azerbaijão, fornecendo todo o equipamento militar necessário para dar início ao conflito.
A Arménia, convencida da necessidade de reconquistar o seu território e financiada pela Rússia, publicou uma declaração de intenções reiterando para si o Karabakh. E em 1987 os Arménios, forçaram os habitantes que tinham origens no Azerbaijão a abandonarem o território arménio. Até que em 1990 o Azerbaijão contra-atacou, expulsando, do mesmo modo, a comunidade arménia do seu país, dando início à guerra entre os dois países. Ao longo de quatro anos, desde 1990 até 1994, morreram 25 000 pessoas, estima-se 10 000 baixas para a Arménia e 15 000 para o Azerbaijão. 1994 Foi o ano do cessar-fogo, mas ainda hoje as fronteiras estão cortadas, sendo impossível a um Arménio entrar no Azerbaijão e vice-versa. Além disso, o cordão militar de ambas as frentes à volta do Karabakh mantém-se, tendo os Arménios ocupado o território do Azerbaijão que lhes permite chegar ao Karabakh, obstruindo, inclusivamente, a ligação férrea entre o Azerbaijão e o Nakhchivan (a república que como referi pertence ao Azerbaijão).

O PAPEL DA TURQUIA NO TERRITÓRIO


À medida que estes acontecimentos tomaram lugar a Turquia serviu de mediador e procurou permanecer forte, o que nem sempre foi possível. Durante a primeira guerra mundial foi invadida por Russos, Aliados e Arménios e exactamente por essa altura, em 1915, deu-se o caso do genocídio dos Arménios de que é acusada. A comunidade internacional continua a pressionar a Turquia para pedir desculpa aos Arménios e assumir o genocídio, ao que a Turquia se recusa dizendo que foi apenas um acto de defesa e acusando a parceria Rússia/Arménia de manipular a informação, considerando que apenas se trata de uma manobra do eixo para fazer recuar a influência Turca nas relações internacionais. Assim, a Turquia usa o Karabakh, dizendo que perante a atitude da Arménia no passado e a contínua militarização do território não faz qualquer sentido pedir desculpas ou reconhecer o que quer que seja.

CONCLUSÃO
Quem tem razão? É o que me tenho perguntado. Quem começou? Receio a resposta. Alguém terá começado, mas mais importante é que alguém não trata de pôr um fim. Pior do que começar uma guerra é poder impedi-la e não o fazer, optando por alimentá-la, por cuidar dela, por garantir que está bem de saúde e que tem tudo o que precisa para durar mais uns bons anos.
Procurar a verdade nunca foi desvirtuoso. Porém, quanto mais investigo estes assuntos, maior é a certeza da inconveniência de tal descoberta.
Enfim… É o mundo que temos.

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